quarta-feira, 27 de junho de 2012

O fim das dívidas

Fizemos as contas e vimos que os R$5 mil que a gente tinha era suficiente pra apenas 2 meses, passando apertado. Começariamos a receber a prestação da loja que vendemos pros funcionários somente após 1 ano, então não estavamos muito confortáveis, muito pelo contrario, a gente vivia cansado, a saúde também não ia muito bem.

Decidimos que deveriamos reduzir o máximo possível o tamanho de nossas despesas, e pra isso o primeiro passo era nos livrar do financiamento do apartamento. Nesse momento a kitnet que ninguém queria comprar se tornou uma peça chave. Decidimos morar nela. Conversamos com um parente que é negociador de imóveis que topou comprar nosso apartamento, mais uma vez praticamente demos o imóvel a troco da dívida. Ele nos deu R$10 mil e um carro que juntos não eram nem 30% do que haviamos pagos pelo apartamento. Essa era a única saída e topamos na hora. Com esse dinheiro reformamos a kitnet e por sorte o prédio que estava quase totalmente abandonado começou a ser restaurado e mais pessoas começaram a mudar pra cá.

Isso demorou cerca de 3 meses, até que foi rápido, vendemos o carro que pegamos no negócio do apartamento e também o outro que a gente usava. Ficamos a pé, mas com um dinheirinho que nos manteria por algum tempo, decidimos não ter mais carros porque morando no centro, a 100m de uma estação de metro o carro seria totalmente desncessário. Foi nessa época que começamos a ler os blogs e pesquisar sobre investimentos. Pela primeira vez em mais de 10 anos a gente tinha um patrimônio positivo!!! Esse foi um dos melhores momentos da nossa vida. Finalmente não havia carnês, promissórias nem prestações. Nossas unicas despesas eram o condominio, luz, gás, internet e supermercado.

Não precisavamos ficar horas por dia fazendo balanços, pagamentos e contas pra saber quanto faltava pra quitar as dividas. Houve um dia que comecei a chorar e rir ao mesmo tempo, de tão feliz e livre que me senti. Era estranho: um cara que andava de carro de luxo, morava num apartamento enorme, era visto como empresário de sucesso, gastava horrores com baladas, vivia cercado de pessoas de alto nível podia se sentir feliz morando num apartamento de 25m² e dependendo de condução.

No proximo post vou falar da nova vida profissional.

terça-feira, 26 de junho de 2012

A hora da virada II

Voltei! Fiquei com preguiça de escrever, mas vi pessoas interessadas em saber da minha história que decidi voltar. Acho que meu exemplo pode ajudar as pessoas a não cairem em ciladas. Agradeço as visitas que tive e também ao Corey por ter me citado no blog dele.

Então nossa situação era a seguinte: lojas quebrando, muitas dívidas, saúde debilitada, um patrimônio enorme que na realidade era negativo. Além de tudo isso, a gente não tinha saco pra continuar tocando as lojas, aquilo tudo tinha perdido o encanto.

Decidimos por um ponto final naquilo. Um sábado a noite resolvemos colocar tudo no papel: dívidas pessoais, dívidas das lojas, etc. Passamos a madrugada inteira fazendo esse trabalho, a gente não tinha ideia do tamanho do problema. Concluímos que mesmo vendendo tudo o que a gente tinha, ainda nos faltaria mais cerca de 100 mil reais pra quitar tudo. Bolamos de maneira bem simplista um plano de ação: Decidimos fechar a loja que tinha o pior faturamento; estocar a melhor loja e tentar mante-la no azul até conseguir pagar tudo, a outra ficaria de lado, pelo menos pagando as despesas. Manteríamos o apartamento de São Paulo e venderíamos o do Guarujá, o carro foi trocado por outro usado quitado.


E assim foi: conseguimos vender a loja que fechamos, o comprador levou as instalações pra outro ponto, com esse dinheiro estocamos a loja melhor (a vista), a outra apenas mantinha as despesas em dia. Vendemos o apartamento do Guarujá, pegando no negócio uma kitnet num prédio degradado do centro de São Paulo, 5 mil reais e transferimos a dívida. Colocamos essa kitnet a venda, mas era dificil porque o estado de conservação não era dos melhores. Demitimos muitos funcionários e passamos a trabalhar dobrado na loja melhor, todo o dinheiro que ela rendia ia pra pagar dívidas. Precisamos fechar a outra loja, que já não estava nem pagando suas despesas. Mais uma vez vendemos as instalações por uma merreca. 


Com apenas uma loja, fomos conseguindo dinheiro e pagando as contas que ainda restavam, nosso ramo passou a ficar cada vez menos lucrativo e mesmo com um bom faturamento, não viamos perspectivas de melhora, além disso a gente já não tinha mais tesão por trabalhar. Decidimos vender a loja enquanto ainda era tempo, descansar e ver o que fazer da vida depois. A gente não encontrava ninguém disposto a comprar a loja, o faturamento começou a cair, então pra não ter um prejuizo ainda maior, praticamente demos a loja de presente pra 2 funcionários.


Quando vendemos a última loja, a gente tinha um carro popular de 15 anos, 5 mil reais em dinheiro, mais de 20 anos do financiamento do nosso apartamento de São Paulo (que não conseguimos vender) e as despesas com condomínio e luz da kitnet (que ninguém queria comprar).

Na próxima falarei como foi nosso período de descanso.